O 25 de novembro: Dia internacional para a eliminação de todos os tipos de violência contra as mulheres

Celebramos hoje, dia 25 de Novembro o dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. De acordo com os relatórios policiais, nos últimos 6 anos foram assassinadas em Portugal 316 mulheres, das quais 111 em relações de intimidade, 111 femicídios. Não podemos tolerar que se continuem a considerar os femicídios como crimes individuais de “homens tresloucados” que cometeram crimes “passionais”, quando na realidade, o femicídio é a última fase da violência machista contra as mulheres.

Nós mulheres continuamos a sofrer desigualdade, violência, sexualização e misoginia – pelo simples facto de sermos mulheres – e é nas relações familiares e de intimidade que a violência física e psicológica se torna mais evidente, uma vez que as mulheres e as crianças são consideradas propriedade privada dos homens: “entre marido e mulher ninguém mete a colher”.

A violência sexual é outra expressão do sistema patriarcal e desigual no qual vivemos. Os casos recentes das decisões dos tribunais em Portugal nas quais mulheres inconscientes em discotecas, incapazes de oferecer resistência, são ignoradas pela justiça e praticamente culpadas pela violência a que foram sujeitas, demonstra bem o quão o sistema de justiça se coloca do lado dos agressores e não das vítimas e de como ele está imbuído de preconceitos sexistas.

É importante que percebamos que o femicídio e a violência física, psicológica e sexual
contra as mulheres por aquilo que elas são – elas são formas de controlo social patriarcal sobre as mulheres . A violência machista, sendo a sua manifestação final o aniquilamento físico das mulheres, é em si mesma uma instituição de controlo patriarcal, que através das suas diferentes manifestações, graus e representações, define a vida de todas as mulheres utilizando o medo e o terror constantes. A pandemia da Covid-19 só veio acentuar a violência física e institucional para com as mulheres, tendo em conta que em confinamento as vítimas são obrigadas a conviver quase única e exclusivamente com os agressores e que os mecanismos institucionais de resposta à violência machista são menos céleres e dispõem de poucos recursos.

Não podemos acabar com a violência machista de um dia para o outro, mas podemos enquanto feministas que lutam pela igualdade entre mulheres e homens denunciar esta realidade e trabalhar em alternativas para as vítimas. Mas, acima de tudo, devemos analisar a violência machista como um fenómeno sistémico em Portugal e em todo o mundo e evitar particularizá-lo. As respostas têm de visar uma alteração do sistema patriarcal e não os comportamentos individuais.

por “De Mulher para Mulher 4”